Performance aconteceu no domingo (30) e atraiu a curiosidade de quem estava na rua. No caminho, paradas simbólicas e intervenções junto aos espaços públicos, despertando a reação de quem assistia a performance.

Foto: Tuane Fernandes / Mídia NINJA

A Avenida Paulista foi palco na tarde deste domingo (30) da performance Cegos, organizada pelo Desvio Coletivo. A encenação é protagonizada por mulheres e homens que se voluntariam para a atividade. No figurino, trajes sociais como paletó e gravata para os homens e tailleurs para as mulheres, mas cobertos de argila. Acessórios como maletas e bolsas compõem o resto da indumentária das pessoas participantes.

O trajeto começou perto da Casa das Rosas e percorreu grande parte da Avenida Paulista, símbolo máximo da cidade de São Paulo. No caminho, algumas paradas estratégicas em que a performance intervia junto aos espaços públicos. Nessas horas, quem assistia à encenação aproveitava para interagir com a performance, entoando palavras de ordem e exibindo cartazes com recados diversos.

Foto: Tuane Fernandes / Mídia NINJA

Com os braços estendidos e as mãos espalmadas, a performance saudava símbolos da sociedade contemporânea, como agências bancárias, entidades de classe e a imprensa. Houve momentos em que a saudação transformou-se em reverência, com mulheres e homens ajoelhados no asfalto como se saudassem a um deus invisível.

Foto: Tuane Fernandes / Mídia NINJA
Foto: Tuane Fernandes / Mídia NINJA

Numa dessas paradas a performance realizou um protesto contra a imprensa corporativa brasileira. O forte protagonismo da mídia comercial ao longo do processo de impeachment que afastou Dilma Rousseff do seu cargo foi lembrado. Das bolsas e valises que compunham o figurino foram tirados exemplares de variados jornais e revistas brasileiras.

Após rasgarem algumas páginas, pedaços foram mastigados pelas atrizes e atores que realizaram a performance. Quem acompanhava a encenação também mandou o seu recado, protestando contra a concentração midiática e a falta de pluralidade de ideias, especialmente pelos meses em que o impeachment se arrastou.

Foto: Tuane Fernandes / Mídia NINJA
Foto: Tuane Fernandes / Mídia NINJA
Foto: Tuane Fernandes / Mídia NINJA

Um dos locais de parada escolhidos foi o prédio da Fiesp. Lá, a performance se deparou com alguns defensores da ditadura militar, que exibiam faixas pedindo a volta do regime que suprimiu a Democracia por 21 anos. Neste momento, os performáticos sacaram cartazes onde se liam muitos dos ‘argumentos’ do campo conservador da sociedade.

Foto: Tuane Fernandes / Mídia NINJA
Foto: Tuane Fernandes / Mídia NINJA
Foto: Tuane Fernandes / Mídia NINJA

A performance continuou pela avenida, alcançando o Conjunto Nacional e seguindo até a Livraria Cultura. Na entrada, as atrizes e atores atraíram a curiosidade de muitos, que saíram de seus lugares e pararam o que estavam fazendo para conferir a intervenção artística que acontecia. Por ser muda, a performance suscitou os mais variados comentários de quem a observava, procurando entender o significado de tudo aquilo.

Foto: Tuane Fernandes / Mídia NINJA
Foto: Tuane Fernandes / Mídia NINJA
Foto: Tuane Fernandes / Mídia NINJA

Quem se deparou com as mulheres e homens vestidos de lama andando pela mais famosa avenida da América Latina experimentou um misto de sensações que vão do espanto à contemplação. O simbolismo dos locais escolhidos para as paradas e as intervenções neles feitas são um convite à reflexão sobre o momento pelo qual passamos.

Foto: Tuane Fernandes / Mídia NINJA
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