A Globo, do outro lado do paraíso
Chamada por uma parte da sociedade brasileira de “golpista”, por outra parte de “comunista”, o momento vivido pela maior e mais influente rede de comunicação do país é revelador do Brasil atual

Nenhuma rede de comunicação foi – e ainda é – tão influente na história recente do Brasil como a Globo. Na época da ditadura civil-militar, o grupo Globo se consolidou como o maior do país e um dos maiores do mundo. A redemocratização chegou, e as Organizações Globo seguiram fortes. Nos protestos de junho de 2013, a cobertura da TV Globo e da Globo News foram decisivas para consolidar a narrativa de que os manifestantes eram “vândalos”. A Globo influenciou a opinião nacional na forma como cobriu a Lava Jato, os movimentos pelo impeachment de Dilma Rousseff e contra o PT, assim como na divulgação dos grampos ilegais da conversa gravada entre Lula e a então presidente do país. E, finalmente, foi em O Globo, principal jornal do grupo, que foi denunciada uma conversa altamente comprometedora entre o presidente Michel Temer (PMDB) e Joesley Batista, dono da JBS, à noite, no palácio residencial e fora da agenda, e que culminou com um editorial defendendo a renúncia de Temer – mas não eleições diretas. Como todos sabem, Temer não caiu até hoje.
Até bem pouco tempo atrás seria difícil alguém acreditar que viveria para ver a Globo ser chamada de “comunista”…