Pedro Henrique Calari Pinotti

“MANUAL PRÁTICO DE ESCAPE ROOMS”: UMA ANÁLISE DISCURSIVA DA CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS EM ESCAPE ROOMS

A análise desta pesquisa reflete os processos de criação, produção e execução de dois Escape Rooms, “A Máscara de Édna Moura” e “Jorge Crauriam: Do Fogo À Fuga”, realizados na Unidade Especial de Informação e Memória, localizada no Centro de Educação e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Carlos, resultados de trabalhos das disciplinas Laboratório 7 – Ênfase III – Texto e Discurso e Laboratório 8 – Ênfase II – Meios e Materiais Instrucionais, ministradas pela Profa. Dra. Luciana Salazar Salgado e pelo Prof. Dr. Lucas Vinicio de Carvalho Maciel, respectivamente. Segue a compreensão das práticas discursivas de suas personagens – enunciadores – e de seus jogadores – coenunciadores – e de seus elementos extradiscursivos (configuração cenográfica, figuras e figurino) na construção de sentido em seus tempos e espaços, ou seja, na constituição do ethos e da cenografia. Observam-se os desempenhos dos sujeitos no ambiente de jogabilidade, analisando seus discursos nas construções dos sentidos em cada momento dos “jogos”, nos quais as vozes dos enunciadores, através da linguagem, evocam um modo de ser e de se movimentar no mundo. A partir da abordagem da Análise do Discurso de base materialista, mais especificamente dos estudos de Dominique Maingueneau (2008, 2015), propõe-se a reflexão do entendimento tanto do funcionamento argumentativo do discurso quanto das paixões que esse funcionamento pode suscitar do corpus estipulado. O objetivo geral é compreender a maneira como se dão as formações de sentido em jogos de escape por meio da análise da cenografia e da constituição do ethos discursivo na construção da enunciação dos interlocutores exercendo suas posições narrativas. Parte-se do acordo pressuposto desses “jogos” no qual os coenunciadores dispõem-se a crer na cenografia dos enunciadores e ambos entram em consciente suspensão da realidade. Os resultados apontam a comprovação desse acordo e estão descritos no guia “Manual Prático de Escape Rooms”, objeto editorial em coautoria com Bianca Hepp Mirisola, cuja finalidade é auxiliar na elaboração de um Escape Room por meio do passo a passo nele contido.
Palavras-chave: “A Máscara de Édna Moura”; cenografia; Escape Room; ethos discursivo; “Jorge Crauriam: Do Fogo À Fuga”; “Manual Prático de Escape Rooms”.

 
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Bianca Hepp Mirisola


MANUAL PRÁTICO DE ESCAPE ROOMS”: ANÁLISE DISCURSIVA DE MATERIAL EDITORIAL PARA ESCAPE ROOMS

Os Escape Rooms “A Máscara de Édna Moura” e “Jorge Crauriam: Do Fogo à Fuga”, realizados na Unidade Especial de Informação e Memória (UEIM), localizada no Centro de Educação e Ciências Humanas (CECH) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), durante o Laboratório 7 – Ênfase III – Texto e Discurso, ministrado pela Profa. Dra. Luciana Salazar Salgado e o Laboratório 8 – Ênfase II – Meios e Materiais Instrucionais, ministrado pelo Prof. Dr. Lucas Vinicio de Carvalho Maciel, resultaram na análise – Primeira Parte – e no material editorial – Segunda Parte – presentes nesta monografia. Com a base analítica de Dominique Maingueneau (2008, 2015), discutem-se a cenografia e a constituição do ethos discursivo na construção da enunciação das personagens e dos jogadores dos “jogos”. Estabelecem-se: i) cenografia como a encarregada por constituir a condição histórico-espacial da enunciação e a disposição na qual os enunciadores se introduzem no discurso; ii) o ethos discursivo como agente constituinte da associação entre o enunciador e o discurso. Para além da análise, somando-se às experiências de elaboração e execução dos dois Escape Rooms, origina-se o “Manual Prático de Escape Rooms: Como nenhum outro, o guia definitivo para criar sua própria Sala de Fuga”, objeto editorial em coautoria com Pedro Henrique Calari Pinotti, compilando experiências e adaptando-as para uma linguagem didática, no formato de passo a passo, a fim de auxiliar na criação de um Escape Room.
Palavras-chave: “A Máscara de Édna Moura”; cenografia; Escape Room; ethos discursivo; “Jorge Crauriam: Do Fogo À Fuga”; “Manual Prático de Escape Rooms”.

Julia Bastos Lima de Almeida

DENTRO DE CADA “CAIXINHA” EXISTE UMA IDEIA: REVISTA LITERÁRIA DA TAG – CURADORIA COMO ESTRATÉGIA DE GERENCIAMENTO DE UMA “EXPERIÊNCIA LITERÁRIA”

Considerando que a revista literária sobre o livro e seu autor enviada aos membros do clube de
assinatura de livros TAG – Curadoria é um objeto editorial, um vetor de sensibilidade ligado a
uma matriz de sociabilidade, que alimenta um mundo ético e funciona como um mídium
(Debray, 1991, 2000) com o poder de constituir e controlar uma dada “experiência literária”,
este trabalho tem como objetivo analisar a constituição e o gerenciamento desta chamada
“experiência literária” seguindo uma perspectiva discursiva-mediológica proposta por
Dominique Maingueneau (2006) por meio da Análise do Discurso materialista e dos estudos de
Régis Debray (1991, 2000) sobre a mediologia (o estudo das mediações). Com base em
hipóteses interpretativas dadas por meio da análise de dois exemplares da revista, analisaremos
quais são as cenografias produzidas e que ethos é evocado a partir disso, buscando compreender
o que esses dados nos dizem sobre a comunidade discursiva que cultiva esse mídium.
Palavras-chave: Análise do discurso; Mediologia; TAG – Experiências Literárias;
Comunidade discursiva; Curadoria; Clube de assinatura de livros.

Monografia Julia Bastos Lima de Almeida

J. Victor Messias

O MONSTRO NO ECLIPSE ÉTICO: UM ESTUDO DISCURSIVO-MIDIOLÓGICO DA ENCARNAÇÃO GÓTICA DE “BARBAZUL”

Barbazul (2017), de Anabella López, é um objeto editorial (SALGADO, 2020) que evoca um ethos discursivo (MAINGUENEAU, 2008), uma imagem de si, ameaçadora. Neste TCC, a hipótese que seguimos é a de que esse livro também tem em si um outro objeto editorial, o monstro Barbazul que, como defendemos, pode ser lido como um “neomonstro”. Um monstro, nos termos de Halberstam (1995), representa uma ameaça advinda de grupos minoritários, marginais, contra grupos dominantes, ou seja, monstros são ameaças contra o sistema social vigente nos dias atuais: pessoas de alta classe social, brancas, heterossexuais, cisgênero e entendidas como masculinas. O neomonstro seria o contrário disso e, nesse caso, entendemos o Barbazul como a representação de tudo isso
que antes era ameaçado pela figura do monstro. Barbazul (2017) também é um conto de fadas, só que é um conto de fadas gótico, suas materialidades estão inscritas por um código linguageiro (MAINGUENEAU, 2004:2020) que remonta às narrativas sobre os povos góticos, que, aos olhos da sociedade europeia, eram o grupo de bárbaros responsáveis pelo início da “Idade das Trevas” com a queda do Império Romano. Assim, partimos da perspectiva metodológica discursivo-midiológica, que tem sido desenvolvida no âmbito do GP Comunica – Inscrições Linguísticas na Comunicação (UFSCar/CEFET- MG, CNPq), parte da rede de pesquisas do Laboratório de Escritas Profissionais e
Processos de Edição (LABEPPE), para analisar a produção de sentidos que os elementos mobilizados na formalização material (FLUSSER, 2007) emitem. Essa análise perpassa aspectos diacrônicos e sincrônicos dos objetos editoriais estudados, o livro e o neomonstro, para entendermos como um gênero literário infantil, o conto de fadas, torna-se parte do que entendemos como horror, em um processo que explicamos como um eclipse ético.

TCC_J.Victor_Messias

Robson José da Silva

“A VIDA DEVE PASSÁ DIANTE DOS MEUS ÓI, NUM INSTANTE”: MEMÓRIAS FRAGMENTADAS E CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE BRASILEIRA EM “ROSEIRA, MEDALHA, ENGENHO E OUTRAS HISTÓRIAS”

Esta monografia se propõe a analisar a obra Roseira, Medalha, Engenho e Outras Histórias, HQ que fica no limite entre fatos e ficção sobre o passado da família do autor Jefferson Costa. A HQ aborda a história de duas famílias que viveram no sertão nordestino entre as décadas de 1950 e 1970. Parte destas famílias decidiu vir para o estado de São Paulo em busca de melhores condições de educação e trabalho, e essa história vai ao encontro dos movimentos migratórios que ocorreram com milhares de pessoas neste período. A primeira parte deste trabalho discute como surgiu o mercado editorial de quadrinhos no Brasil e quais mudanças ocorreram ao decorrer dos anos nele para que autores mais plurais ganhassem voz. A segunda parte apresenta o aporte teórico para a análise. A terceira parte apresenta uma análise da obra que enfatiza o momento histórico através do trabalho do antropólogo Darcy Ribeiro (2015), que apresenta a teoria de um Brasil formado por cinco povos fundadores; e do conceito de Memória Individual e Memória Coletiva proposto por Maurice Halbwachs (2006). A base para a análise do Ethos parte do referencial teórico formulado por Dominique Maingueneau, o que refere como Ethos Discursivo, noção que se depreende do entendimento das Cenas de Enunciação, a partir da qual trabalharemos com a categoria de Hipergênero (2006, 2008, 2015, respectivamente), com auxílio do trabalho paradigmático de Ruth Amossy (2020) sobre Ethos Prévio.

TCC_Robson-José-da-Silva

Ana Paula Slompo

O ETHOS DISCURSIVO COMO GESTÃO DA AUTORIA: ANÁLISE DO OBJETO EDITORIAL TURMA DA MÔNICA: ROMEU E JULIETA (2015)


A partir de reflexões sobre o mundo mercadológico do livro e do conceito de espaço literário
(MAINGUENEAU, 2018), realizamos uma análise da posição ocupada pelo objeto editorial Turma da Mônica: Romeu e Julieta (2015) no campo literário. Para esse fim foram utilizados conceitos de mídium (DEBRAY, 2000) e de ethos discursivo (MAINGUENEAU, 2008) dentro do quadro da Análise do Discurso de base materialista. Este objeto editorial é uma adaptação (HUTCHEON, 2011) de uma história já conhecida com outros personagens já conhecidos, motivo pelo qual utilizamos o conceito de ethos para a análise: queremos saber o que da Turma da Mônica permanece na recontagem da história de Romeu e Julieta. Além disso, mobilizamos o conceito de formalização material elaborado por Flusser (2007), a noção de intermidialidade (CLUVER, 2006), e abordagens sobre a simbologia das cores a partir do estudo de Guimarães (2001). Tais conceitos foram utilizados pelo fato de que o objeto levanta várias questões a respeito do mundo da edição, em especial da publicação de adaptações em quadrinhos, desde sua existência material até sua posição no campo, pois Turma da Mônica: Romeu e Julieta (2015) é uma adaptação da peça teatral clássica de Shakespeare, Romeu e Julieta, que obteve muito sucesso em diversos lugares do mundo e diferentes momentos da história, sendo lançada, no século XX no Brasil, tanto em forma de história em quadrinhos (1978) quanto como teatro (1978), filme (1979) e LP (1978). A edição aqui estudada é de 2015, momento em que a HQ teve uma reedição comemorativa pelos 80 anos do criador dos personagens da Turma da Mônica e autor de muitas histórias envolvendo a turma, Mauricio de Sousa, o que nos levou a pensar a autoria a partir das propostas de Maingueneau (2018). As análises nos levaram a compreender como se formula o ethos discursivo neste tipo de adaptação: o ethos efetivo dessa composição de Turma da Mônica e Romeu e Julieta é paratópico, como também é a autoria do texto.

TCC_Ana-Slompo

Ana Carolina da Silva
 

Entre lebres e quelônios:o que se entende por editora “independente”

Sob a ótica da midiologia de Régis Debray (1991), analisamos nosso objeto, a editora paulistana Quelônio, enxergando-a como um mídium, sendo este representado por qualquer objeto técnico que, como ideia, se torna força material. E a partir dos processos e valores que a constituem, identificando-a como uma editora “independente” e Bonsai, de acordo com a proposta desenvolvida por Muniz Júnior (2016). Esta categoria, presente no trabalho do autor, representa os pequenos editores ou editoras que não se organizam propriamente como uma empresa, mas sim, em muitas das vezes, são apresentados em coletivos ou iniciativas culturais, como as feiras. Discutimos a maneira como a Quelônio sensibiliza a comunidade discursiva na qual está inserida. Ainda que localizada em uma região de prestígio na cidade de São Paulo, a editora consegue ocupar tanto espaços destinados a publicações “independentes” como locais tradicionais do mercado editorial. Os fatores que nos levam a identificá-la como uma editora “independente” são: i) a forma de produção da mesma; que resgata técnicas manuais, criando uma narrativa que vai de contramão à agilidade de grandes editoras, sendo esses aspectos sustentados pela metáfora presente em seu nome; que significa todos os grupos de espécies de tartarugas, cágados e jabutis no mundo; ii) a conjectura que a editora proporciona ao ocupar espaços coletivos de “resistência” como as feiras, em oposição ao mainstream (ainda que não faça parte da LIBRE). Portanto, o objetivo deste trabalho foi compreender quais são as práticas que nos levam a apontar uma iniciativa publicadora como “independente” e como ser nomeado por esta categoria agrega valor simbólico muito maior que a própria significação da palavra “independente”.

 
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Amanda Gusmão Lemes da Silva


O cerceamento interpretativo na consolidação da Editora Abril no período de abertura
política: um estudo da coleção Literatura Comentada

Neste trabalho, buscamos compreender aspectos do funcionamento do mercado editorial durante a ditadura militar brasileira e o período de abertura política, através da leitura detida de uma coleção específica: Literatura Comentada, publicada em 1980 pela Editora Abril, que se destacava num cenário de censura e restrição ideológica. Para tanto, abordaremos o desempenho do mercado editorial brasileiro no período, levando em consideração, também, as editoras de oposição ao regime, responsáveis por parte da produção editorial engajada. A coleção Literatura Comentada, publicada via selo Abril Educação, declarava buscar atender à demanda de um público leitor em formação ligado à crescente escolarização do período, reunindo diversos volumes de “autores brasileiros selecionados”, que eram apresentados num conjunto de fragmentos de suas obras acompanhados de comentários feitos em notas de rodapé e resumos abordando as obras e vida de cada autor. Examinaremos a estruturação da coleção levando em consideração a noção de comentário, trabalhada por autores de diferentes perspectivas, mas principalmente nos estudos de ZoppiFontana (2003), além de mobilizar o conceito de ethos discursivo proposto por Dominique Maingueneau (2008, 2018), com o objetivo de levantar os traços que contribuem para uma identidade construída pela editora. Essa análise supõe que se explicitem as condições de produção do material, portanto elementos da conjuntura histórica referente ao cenário político e educacional vivido no Brasil nos anos de 1964 a 1985. As análises aqui propostas consideram que a construção discursiva é constitutiva do funcionamento de uma instituição e, com isso, entendem que os discursos que se materializam nos objetos editorias que participam incisivamente dos cenários políticos e socioculturais, são essenciais para a análise e compreensão da conjuntura em que estão inseridos, bem como as adaptações desses objetos, imprescindíveis em determinados contextos.

 
 
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Bárbara Pauletto Fragalle

 

O museu pela exposição: o ethos discursivo do Museu de São Carlos e uma visita à noção de mídium a partir da exposição “Laborar: Trabalho em São Carlos”

Este Trabalho de Conclusão de Curso apresenta um olhar sobre os processos de produção da exposição Laborar: Trabalho em São Carlos, organizada pelo Museu de São Carlos, compreendendo esta como um objeto editorial, que a partir de sua materialidade promove circulação e interação. Articulam-se, nesta pesquisa, estudos como a Análise do Discurso através dos desdobramentos sobre ethos discursivo propostos por Dominique Maingueneau (2008) e os estudos de midiologia nos termos de Régis Debray (1995), interagindo conceitos da museologia e da curadoria de exposições. Procurou-se reconstruir o histórico da instituição para identificar os estereótipos ligados aos mundos éticos do Museu de São Carlos, que se apresentam desde sua inauguração até a produção da exposição aqui investigada, e, com isso, descrever os trabalhos de pesquisa, curadoria de exposições e expografia como condições de produção de discurso e práticas que operam elementos tais como textos verbais, objetos históricos, fotografias e documentos – materialidades que possibilitam encarnar o ethos discursivo do museu, ou seja, elementos que contribuem para a produção de uma imagem de si do museu ao público visitante, seus interlocutores.

TCC Bárbara Fragalle

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Débora Baptista
 

Uma “semântica do desaparecimento” no Cone Sul: a constituição de uma competência  discursiva nas injunções dos  regimes de exceção

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Neste trabalho, buscamos compreender se e como se delimita uma semântica relacionada aos desaparecimentos e mortes ocorridos durante o período em que foi vivido o regime militar nos países do Cone Sul na segunda metade do século XX. Para isso, estudamos três filmes, O ano em que meus pais saíram de férias, de 2006, Kamchatka, de 2002 e Machuca, de 2004, que contam a história e três garotos que vivem envoltos por mistérios, silêncios, metáforas e não ditos, pelo fato de estarem colocados em lugares ideológicos, e muitas vezes espaciais, desconhecidos. Para compreender como os sentidos são construídos para essas crianças, observaremos, nas narrativas fílmicas, tomadas aqui como textualização de discursos, quais são os fatores presentes no dia a dia que fazem com que construam sentidos para o que acontece no mundo em que estão inseridas. Para isso, são mobilizados principalmente os conceitos de semântica global, competência discursiva, cenas de enunciação e práticas discursivas, propostos por Dominique Maingueneau ([1984] 2008). Buscamos, ainda, explicitar como foi construída uma determinada base política no Brasil, na Argentina e no Chile que se colocou como um ponto semelhante entre os países e serviu para estabelecer aliança entre os mesmos, comentando alguns dos documentos liberados recentemente pela Comissão Nacional da Verdade brasileira e observando como foram arquivados e classificados os casos de desaparecimento, morte e tortura de que se tem notícia nos países citados.

As análises realizadas, levando esses documentos em consideração, pretendem mostrar a
formação da semântica global com seus semas fundamentais sobre os desaparecimentos e acontecimentos correlatos.

TCC Débora Baptista 

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Maria Eugênia dos Reis Carvalho Granzotto


Sinal de Vida: um projeto de divulgação científica sobre língua de sinais em plataforma digital

Sabendo dos desafios que envolvem a língua de sinais desde sua legitimidade quanto à sua dispersão, e também da importância do domínio das novas tecnologias de comunicação, do papel do linguista na sociedade e das diferentes práticas discursivas e seu funcionamento, foi desenvolvido o projeto Sinal de Vida: O silêncio de uma identidade viva, um Trabalho de Conclusão de Curso alocado em plataforma digital. O surgimento do projeto se deu em uma disciplina do Bacharelado em Linguística da UFSCar, cuja proposta era criar um espaço digital para observar de forma crítico-discursivo um tema atravessado pela cultura. A partir do desenvolvimento do trabalho e das reflexões em sala de aula, o projeto transformou-se em um TCC, devido ao peso que ganhou através dos conteúdos feitos e sua metodologia de organização. O principal objetivo, após sua adaptação, foi produzir conteúdo para a divulgação científica e informacional a respeito da Língua Brasileira de Sinais – Libras e demais tópicos que rodeiam esse universo. Para isso, foram feitas diversas leituras de textos acadêmicos para abordar alguns temas sobre a comunidade surda e a Libras, julgados desconhecidos da comunidade ouvinte, que foram dispostos na forma de textos escritos, materiais disponíveis online e diferentes conteúdos em vídeos ao longo de seções na plataforma. A motivação deste trabalho nasce da premissa de que a transformação de imaginários gera mudança nas práticas discursivas que, quando se alteram, também transformam os comportamentos. Portanto, partindo da facilidade de disseminação do conteúdo devido ao suporte digital, da visualidade da Libras ser melhor apresentada, e da experiência proporcionada pelo digital, o projeto contempla um público-alvo desde famílias ouvintes com familiares surdos até médicos, fonoaudiólogos, pediatras, educadores, entre outros profissionais que ainda não enxergam a Libras como alternativa para a surdez, além de alunos de cursos de tradução/interpretação em Libras/língua portuguesa, como material de apoio e consulta, e também para qualquer leitor interessado no tema.

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Luis Marques e Michelle Melo Martins

Espaço Grafite: proposta de leitura do espaço urbano

Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo discutir o funcionamento dos textos, sobretudo o processo de produção circulação e leitura. Como parte de uma iniciativa proposta em sala de aula do bacharelado em Linguística da Universidade Federal de São Carlos, onde foi possível refletir sobre a produção e a circulação de textos, este trabalho surge com a pretensão inicial de investigar os espaços urbanos da região central do estado de São Paulo, onde está localizada a universidade. Com o desenvolvimento das reflexões acerca da produção e da circulação de textos, este trabalho, que inicialmente se propunha ser um observatório, ganhou outra dimensão se tornando uma produção que merecia ser pensada e repensada na sua riqueza teórica e metodológica materializada, formalizada em uma experiência de escrita e de leitura que fosse, ela própria, uma reflexão sobre a linguagem, sobre como nos apropriamos dos sentidos que emergem de nosso encontro com os objetos, com os espaços, com as diversas materialidades que os constituem. Diante disso, este material ganhou status de “Trabalho de Conclusão de Curso” possibilitando a aplicação dos conhecimentos linguísticos e reflexões sobre a produção textos e suas formas de circulação.

Assim, articulando teoria e prática, propusemos um TCC nativamente digital. A leitura de navegação do TCC é, ela própria, uma experiência dessa temática suscita pelo grafite, voltada à problemática das inscrições materiais como condicionantes potentes da produção de sentidos, na medida em que condicionam os modos de circulação dos enunciados que se inscrevem.

 
 
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Daniela Santos Fernandes

O ethos discursivo implicado nas metodologias de pesquisa de opinião

Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo analisar aspectos do funcionamento de questionários de pesquisa de opinião ancorado na Análise do Discurso de tradição francesa, mobilizando o aparato teórico-metodológico de apreensão do ethos discursivo, tal como proposto por Dominique Maingueneau. O conjunto de dados selecionados para este estudo advém de plataformas online sobre bens de consumo – Conectaí e Você Opina – e de um questionário de pesquisa de opinião eleitoral de 2014, do Instituto Ibope de Opinião, sobre a concorrência à presidência do Brasil. Considerando como parte constitutiva do córpus os suportes em que estão inscritos, a noção de ethos discursivo contempla os efeitos de sentido que são produzidos pelo estatuto compartilhado pelos sujeitos nas relações entre material linguístico e material extralinguístico. Considerando aspectos da materialidade do córpus, a investigação utiliza a teoria das cenas da enunciação: o ethos está vinculado às cenas de enunciação, que, segundo Maingueneau (2014), compõem-se de três dimensões – a cena englobante, a cena genérica e a cenografia. A cena englobante corresponde ao tipo de discurso, nosso objeto questionário de opinião); a cena genérica diz respeito ao contrato associado a determinado gênero; e finalmente a cenografia, cena construída pelo próprio texto, que não é necessariamente imposta pelo gênero. É na cenografia que o fiador do discurso se constitui, textualização da qual emergem o ethos discursivo e o coenunciador, que, ao interpretar certo questionário, deve ser capaz de determinar em que cena englobante se situa, apoiando-se em estereótipos ligados aos mundos éticos evocados nas perguntas. Assim, à medida que a enunciação se desenvolve, a princípio, ela legitima a cenografia que a descreve, contribuindo para adesão do coenunciador. Nesses termos, a investigação se baseia em como se organizam os roteiros estabelecidos pelas metodologias de opinião qualitativa e quantitativa, identificando como se institui a relação entre interlocutores nesses segmentos e a apreensão dos imaginários envolvidos nas pesquisas.

TCC – Daniela Santos Fernandes

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Amanda Chieregatti

Leituras da paratopia criadora de Jane Austen: uma oitocentista contemporânea

Este Trabalho de Conclusão de Curso reúne as reflexões desenvolvidas na pesquisa de Iniciação Científica A paratopia criadora de Jane Austen: uma autora feminista?, realizada sob financiamento da instituição de fomento Fapesp, Processo 2013/07897-6. Na pesquisa em questão, observando a presença das obras de Jane Austen em contextos dos mais diversos, focalizamos três obras da autora inglesa Jane Austen (1775 – 1817), Razão e Sensibilidade (1811), Orgulho e Preconceito (1813) e Persuasão (1818), buscando observar o funcionamento da autoria segundo o conceito de paratopia criadora proposto por Dominique Maingueneau (2006), analisando, com isso, a leitura contemporânea dessas obras, que as refere como pertencentes ao discurso feminista. Mesmo passados dois séculos da morte de Jane Austen, sua obra segue sendo comentada, tornando-se por vezes objeto de estudo e discussão de grupos não necessariamente acadêmicos. Tanto seus romances quanto sua própria vida ganharam uma variedade de adaptações como filmes, seriados e incontáveis releituras, como se a autora e seus escritos houvessem sido redescobertos recentemente. Com essa orientação, analisamos não apenas as três obras referidas anteriormente como foco, à procura de traços que possam ser entendidos como pertencentes ao discurso feminista, mas também dados pertencentes ao corpus coletado para esta pesquisa, formado por dados biográficos e referentes à recepção contemporânea da obra – incluem-se aqui releituras, adaptações cinematográficas e televisivas, bem como a apropriação dos textos de Austen em debates feministas. Assim, a perspectiva discursiva com que delimitamos esse conjunto de dados teve como finalidade observar na escrita de Austen o que parecem ser indícios de defesa do direito das mulheres de seu tempo, ainda que a autora não explicitasse uma opinião, considerando a hipótese de que as mudanças históricas ocorridas nos dois séculos transcorridos desde a produção dessa obra é o que nos faz lê- las como uma crítica feminista à sociedade patriarcal. Procuramos, assim, compreender de que modo as obras de Austen circulam no século XXI, e como a conjuntura deste início de século delimita certos tipos de leitura.

TCC_Amanda Chieregatti 

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Amanda Guimarães

Ritos editoriais genéticos: O processo de criação e edição no mundo dos fãs

Com base no quadro teórico da Análise do Discurso de tradição francesa, especialmente em desdobramentos recentes propostos por Dominique Maingueneau (2006, 2008, 2010), analisamos a questão da criação e da autoria no “mundo dos fãs”, mobilizando os conceitos de discursos constituintes, comunidades discursivas, ritos genéticos e paratopia criadora para estudar materiais obtidos a partir do site Archive of Our Own, pertencente à Organization for Transformative Works, uma organização feita de fãs para fãs a fim de preservar a história dos fandoms – comunidades de fãs com interesses similares que interagem e participam de atividades de fãs por meio de discussões ou trabalhos criativos, como as fanfics (ficções escritas por fãs) – e apoiar qualquer tipo de trabalho feito pelos mesmos. A partir disso, tentamos contribuir para a sistematização de categorias nos estudos linguístico-discursivos das fanfics, ao identificar os aspectos do fandom que influenciam a escrita das fanfics e verificar quanto da autoria se pode atribuir tecnicamente à fanfic writer (a autora das fanfics), à beta-reader (a sua editora/revisora) e ao texto-fonte, considerando as três instâncias apontadas por Dominique Maingueneau como constitutivas da paratopia criadora (pessoa, inscritor e escritor). Com isso, pretendemos verificar como se dá o atravessamento do interdiscurso no material que foi criado, que é um trabalho sobre um texto-fonte que tem alguns de seus elementos reescritos e remodelados nessa cultura de fãs. Para tanto, focalizamos sua preparação para ser publicado, seu processo de edição. Finalmente, consideramos a relação dessas práticas com os processos de preservação e seleção que, na história ocidental, definiram funções de mediação editorial (CHARTIER, 2007).

TCC Amanda Guimarães

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Ana Rosa Camargo

A explosão discursiva do fenômeno Harry Potter e o funcionamento do poder

Em 1997, a britânica J. K. Rowling publicou a sua obra de estreia que logo começou a despontar na lista dos mais vendidos. Posteriormente a este acontecimento somaram-se os outros seis lançamentos dos livros da série e os oito filmes produzidos pela Warner Bros. Com o fim da série de livros e de filmes, J.K. Rowling em parceria com a Sony lançou, em 2011, o projeto Pottermore, um site gratuito onde o leitor pode desfrutar de conteúdos adicionais exclusivos, executar ações características dos personagens da história e adicionar usuários como amigos em uma espécie de rede social. O universo criado por J.K Rowling reuniu ao seu redor, durante a sua primeira década de existência, o investimento do Star System e uma geração de fãs leitores conectados virtualmente e interessados em buscar informações sobre seu objeto de afeto e compartilhá-las entre seus pares, gerando, assim, uma explosão discursiva em torno do fenômeno. Mesmo após o encerramento dos livros e filmes, há ainda uma ampla quantidade de discursos circulando em torno de Harry Potter. O que se propõe neste trabalho é, a partir das teorias de cunho foucaultiano, entender como se articulam as relações de poder entre a indústria do entretenimento e os fãs a fim de se compreender a sua importância para a franquia em questão.

TCC_ Ana Rosa Camargo

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Andressa Leonardo

Ethos discursivo e produto jornalístico: um estudo da Globo News

Este Trabalho de Conclusão de Curso traz o resultado de uma Iniciação Científica em que objetivamos compreender como opera o telejornalismo atualmente, ao identificar o modo de constituição do ethos discursivo da Globo News. Descrever a construção do ethos discursivo da Globo News implica, aqui, mostrar a imagem que a instituição constrói de si nos enunciados publicitários que tratam de seu jornalismo, todos entendidos como práticas discursivas voltadas a seduzir, exercer poder e convencer um interlocutor de que se usa a “verdade” como instrumento, que isso confere, per se, credibilidade, e que, assim, dominam-se as práticas jornalísticas idôneas. Para tanto, foram definidos como córpus de referência duas campanhas publicitárias feitas para promover o jornalismo da Globo News, intituladas “Nunca”, lançada em 2010, e “Informação é vital”, de 2013, além de cinco vinhetas lançadas em 2014 e peças publicitárias que circulam no canal. A abordagem teórico-metodológica que seguimos tem por base a constituição discursiva do ethos, tal como proposta por Dominique Maingueneau (2011), inscrita no quadro teórico da Análise do Discurso de tradição francesa.

Tcc – andressa leonardo

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Fernanda Capelari de Carvalho

MEDIAÇÃO EDITORIAL E ETHOS DISCURSIVO: UMA ANÁLISE DA CONSTRUÇÃO DA PERSONAGEM PATTY PIMENTINHA NA COLEÇÃO SNOOPY

Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi formulado a partir de uma Iniciação Científica que mobiliza um modelo teórico proposto pelo linguista Dominique Maingueneau (2007, 2012) para analisar processos de edição, focalizando a construção de personagens como criação de ethos discursivo, noção que será apresentada detalhadamente. O material que constitui o córpus reúne dez livros da coleção Snoopy, que provêm da longa história da tirinha de jornal Peanuts, escrita e desenhada pelo cartunista norte-americano Charles Schulz (1922 – 2000). Nessas tirinhas de Schulz, focalizamos a personagem Patty Pimentinha, já que o material linguístico ligado a essa personagem evidencia especificidades com relação ao processo de edição, que afeta o ethos discursivo que a identifica na passagem do original para a tradução brasileira. Patty Pimentinha, referida sempre por sua amiga Marcie como senhor, em inglês sir, sofreu um processo editorial em um dos livros da coleção analisada, em que a tradução brasileira para a personagem citada passou a meu, uma gíria paulistana. Esta abordagem trata, portanto, de um problema de mediação editorial. A problemática da tradução da personagem também coloca em questão a necessidade de abordar os ritos genéticos editoriais (Salgado, 2011), especificando a noção de Maingueneau (2006) sobre ritos genéticos. Fazendo-se necessário buscar subsídios nos estudos queer, especialmente nos construtos produzidos por Judith Butler sobre a performatividade dos gêneros e seus efeitos, para compreender os efeitos desse apagamento no ethos discursivo da personagem. A abordagem de objetos editoriais de uma perspectiva dos estudos da linguagem exige que se compreenda a relação do material linguístico com as suas materialidades de inscrição, que condicionam modos de circulação e são também por eles condicionadas, sendo essas implicações manobradas por sujeito em situação de trabalho, com propósitos de preparo de um texto para circulação pública. Assim, abordamos neste trabalho, a questão de como os processos de tratamento editorial de textos interferem na criação de um ethos discursivo, portanto nas identidades produzidas.

TCC_Fernanda Carvalho

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Iasmyn da Costa

Cinquenta tons de cinza: uma análise discursiva sobre a manutenção dos lugares socialmente estabelecidos

O best-seller Cinquenta Tons de Cinza, da autora Erika Mitchell, cujo pseudônimo é E.L.James, mereceu destaque não apenas pelo número de exemplares vendidos ou pela temática pornográfica a ele atribuído, mas também pela opiniões dos leitores sobre a história. Nesse sentido, adotando os pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa, principalmente à luz das discussões em torno das noções de discurso pornográfico e atopia encaminhadas por Maingueneau (2010a, 2010b), este trabalho assumiu como objetivo verificar a marginalidade atribuída ao discurso pornográfico, típica dos discursos atópicos, e, consequentemente, sua reconfiguração nas resenhas publicadas no site Skoob para que pudesse ser socialmente aceito. Além disso, também foi possível analisar de que forma os discursos presentes no corpus, composto por 100 resenhas do livro veiculadas na rede social Skoob entre os anos de 2012 e 2014, condicionam a leitura para e do público feminino. Apesar do corpus analisado, assim como o próprio livro, se utilizar de uma temática polêmica, a pornografia, também foi possível constatar que esses discursos são repletos de ideologias dominantes, como a inferiorização da mulher.

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Jaqueline Ribas

A circulação do sintagma “liberdade de expressão” nos embates sobre o marco regulatório da comunicação no Brasil

Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo compreender a circulação do sintagma “liberdade de expressão” no discurso midiático, tomando como referência os atuais debates sobre o Marco Regulatório da Comunicação no Brasil, e tendo como base o quadro teórico da Análise do Discurso de orientação francesa. Mobilizando o conceito de fórmula discursiva proposto por Alice Krieg-Planque (2009, 2010), consideramos a expressão reiterada nos debates sobre a regulamentação da comunicação brasileira, fazendo a hipótese de que se trata de uma fórmula: um território de aparente consenso que abriga confrontos históricos. Há uma única fórmula em circulação reivindicada por pelo menos duas posições discursivizadas, em que o sintagma é enunciado como “necessidade de regulamentação” ou “nenhuma regulamentação”. A partir disso, identificamos como esse sintagma circula ganhando dimensão midiática e explicitando “relações de poder e opinião”. A fórmula discursiva “liberdade de expressão” é cristalizada nas discussões a respeito do Marco Regulatório das Comunicação no Brasil de maneira polêmica. O sintagma circula em uma manifestação de incompatibilidade radical entre duas formações discursivas, uma “a favor da regulamentação da mídia” e outra “contra a regulamentação da mídia”. A interincompreensão entre os discursos ocorre porque o dizível de um campo discursivo dado é comandado por um sistema de restrições único, concebido como uma competência discursiva, que corresponde à aptidão que um sujeito deve ter para produzir enunciados que dependem de uma formação discursiva determinada. O Marco Regulatório da Comunicação é, nesses termos, um acontecimento discursivo delimitado por uma grade semântica que funda o desentendimento recíproco.

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Kelly Cristina P. Nepomucena

A paratopia em “Feliz ano velho”: linguagem e trasmidiação

Este trabalho analisa sob a óptica linguístico-discursiva, baseada em discussões propostas por Dominique Maingueneau, como a produção literária dos anos 1980 teve uma contribuição direta para o tipo de linguagem literária que observamos na atualidade. Com a ascensão dos blogs, Twitter e outras redes sociais, é normal se observarem muitos gêneros literários que são entendidos como novos, mas todo discurso, por mais que se renove, é carregado de memória. Logo, é um trabalho que pretende entender não uma origem, mas um como, ou seja, como essa fase literária contribuiu para essa atual linguagem. Para isso, delimita-se como corpus o livro Feliz Ano Velho, obra que ficou popularizada na década referida e que tornou conhecido o escritor Marcelo Rubens Paiva. Analisaremos as transmidiações da obra à luz da noção de paratopia proposta por Dominique Maingueneau (2012), que prevê o entrelaçamento complexo entre três instâncias – pessoa, escritor e inscritor – que se põem em funcionamento na constituição de uma autoria, dando a ver que o autor é parte fundamental de uma rede ou de redes que o instituem como tal.

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Letícia Moreira Clares

Ritos genéticos editoriais do impresso ao audiolivro: o revisor de textos e as manobras de intervenção

Este Trabalho de Conclusão de Curso reúne as reflexões desenvolvidas na pesquisa “A interface material impresso e audiolivro: o lugar do revisor de textos nos processos editoriais envolvidos”, realizada no âmbito do Grupo de Pesquisa Comunica – reflexões linguísticas sobre comunicação. Buscamos pensar, a partir do lugar discursivo do revisor de textos, os processos editoriais adotados pela Secretaria Geral de Educação a Distância da Universidade Federal de São Carlos (SEaD-UFSCar), tomando como objeto de análise as versões impressa, roteiro de adaptação textual e audiolivro do material didático Reflexões sobre o fazer docente, nas quais nos propomos a investigar como se dão as manobras linguístico-discursivas específicas de cada um dos processos de tratamento dos textos, focalizando, sobretudo, o modo como as circunscrições do revisor de textos enquanto coenunciador editorial o situam na dicotomia leitura e autoria. Para tanto, ancoradas no método descritivo-interpretativo da Análise do Discurso de linha francesa, mobilizamos os conceitos de ritos genéticos editoriais (SALGADO, 2011), regimes de genericidade e mídium (MAINGUENEAU, 2004a; 2006). Procuramos inicialmente fazer um breve panorama dos elementos conjunturais imersos no universo discursivo editorial e explicitar as etapas de produção de cada versão do material em estudo, para, assim, partirmos para as análises dos dados selecionados no corpus e prosseguirmos com as discussões acerca do lugar do revisor de textos, propondo, por fim, uma reflexão acerca dos discursos normativos que perpassam a atividade de revisão de textos. Nossos resultados indicam a instabilidade tanto dos processos editoriais abordados quanto do próprio lugar de inserção do revisor de textos, ambos mergulhados em um ambiente de práticas movediço e sujeito a constantes (e indispensáveis) mudanças de direção.

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Marcela Moreti

Estudo de um dispositivo comunicacional político voltado à construção de uma identidade LGBT

Este Trabalho de Conclusão de Curso levanta reflexões feitas durante a pesquisa para sua elaboração, no âmbito do Grupo de Pesquisa Comunica – inscrições linguísticas na comunicação (CNPq) e também em vivências individuais e com o Coletivo TRÁ! de Diversidade Sexual e de Gênero de São Carlos. Pretende-se apontar levantamentos acerca de temas que circundam a diversidade sexual e de gênero, tais como: sexualidade, visibilidade, identidade de gênero. Já de início surgem algumas problemáticas a serem discutidas acerca do material a ser estudado: Manual de Comunicação? Comunicação LGBT? Mas do que se trata? Este dispositivo comunicacional, publicado no ano de 2010, e elaborado pela Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) se propõe a minimizar “maus usos” de termos que se referem a questões e designações do movimento “LGBT” (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), somando, assim, na luta por direitos e conquistas sociais desta “minoria”, bem como na construção de uma identidade desta “comunidade”. Tendo como arcabouço teórico a Análise do Discurso de linha francesa, este trabalho se propõe a estudar discursivamente o objeto, mobilizando, nesse sentido, formulações do teórico Dominique Maingueneau, especialmente alguns de seus conceitos, tais como: cenas da enunciação, primado do interdiscurso, semântica global e ethos – para apontar algumas estratégias discursivas utilizadas para compor esse objeto editorial, que é utilizado para legitimar uma causa [luta] por meio da produção de uma discursivização “correta.” Dito isso, temos que a nossa hipótese de trabalho é de que este manual reproduz um paradoxo: conquista-se espaço nas políticas públicas para esta parcela da população, mas reforçam-se os estereótipos acerca das identidades e relações de gênero dessa comunidade. O material se coloca como defensor dos direitos LGBT, mas ao mesmo tempo define, limita e muitas vezes se contradiz ao apresentar suas definições.

TCC_ Marcela Moreti

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Renata Casonato

As várias faces da autoria de Chico Buarque de Hollanda: paratopia criadora e ritos genéticos

Este Trabalho de Conclusão de Curso reúne reflexões e experiências teóricas acerca do projeto “As várias faces da autoria de Chico Buarque de Hollanda: paratopia criadora e ritos genéticos” desenvolvido no Departamento de Letras da UFSCar sob orientação da Profa. Dra. Luciana Salazar Salgado e no âmbito do Grupo de Pesquisa Comunica – reflexões linguísticas sobre comunicação. Trabalhamos com o quadro teórico da Análise do Discurso de linha francesa de base enunciativa, mobilizando, sobretudo a noção de paratopia criadora e sua correlata ritos genéticos, propostas pelo pesquisador Dominique Maingueneau. Observamos o modo como o lugar do autor se constrói através da análise de textos da crítica feita à obra literária de Chico Buarque de Hollanda, especificamente a respeito dos livros Budapeste (2003) e Leite Derramado (2009). Os dados que apresentamos aqui são parte de um corpus de pesquisa mais amplo e estão, a princípio, circunscritos aos acervos digitais dos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, no período de 2003 a 2012, mas outras fontes acabaram sendo incorporadas na medida em que os acervos dos jornais apontavam para dados que nos pareceram interessantes.

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Talita Maria de Souza

A importância da blogsfera literária no percurso de constituição de uma escritora independente

A ampla expansão da Internet trouxe consigo uma série de possibilidades, entre elas a possibilidade de qualquer pessoa dar visibilidade ao seu trabalho. Com isso, temos acompanhado uma série de profissionais saindo do anonimato, destacamos aqui os escritores independentes. Eles sempre existiram, mas o espaço possibilitado pela Internet e o apoio das redes sociais e dos blogs literários, que são relativamente recentes, têm sido fundamentais para a potencialização da divulgação de seus trabalhos sem o apoio da mídia tradicional. Esta pesquisa focalizou a divulgação do trabalho de uma escritora independente brasileira, do gênero Chick-Lit, por meio da observação da circulação e recepção de um de seus livros na esfera digital através do rastreamento de blogs literários que comentam a sua obra. O ambiente digital foi escolhido por ser o principal meio de divulgação e de diálogo entre a escritora e os leitores. Além disso, justifica-se a opção por este ambiente devido ao fato de os blogs serem construídos espontaneamente, por leitores que se sentem impelidos a dividir suas experiências de leitura através de resenhas, criando, assim, um espaço interessante e inovador de discussão e análise dos gestos de leitura dos trabalhos dos escritores independentes. Para tanto, serão mobilizadas nas análises algumas das discussões de Michel Foucault a respeito dos jogos de poder e a noção de Semântica Global desenvolvida por Dominique Maingueneau.

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Thayara Galtério

A produção de uma identidade corporativa assentada na relação do ethos discursivo, humor e contemporaneidade

Neste Trabalho de Conclusão de Curso objetivamos compreender com base no quadro teórico da Análise do Discurso de orientação francesa, como funcionam as estratégias do discurso humorístico na construção e difusão de uma imagem corporativa, isto é, em termos discursivos trata-se de estudar um processo de publicização. Para isso, procuramos traçar um percurso analítico que abarca a produção de uma identidade assentada na relação entre ethos discursivo e humor, o que implica os modos de circulação e a construção de uma cenografia: estudamos de que modo certas peças publicitárias caracterizadas como esquetes humorísticas constroem uma identidade para o Banco Itaú. A fim de divulgar produtos e serviços constrói-se um ethos discursivo que emerge de esquetes encenadas pelo comediante Marco Luque. Com isso, por meio do ambiente virtual, exploram-se as redes sociais, divulgando-se essas peças na plataforma de partilha de vídeo YouTube, obtendo-se efeitos exponenciais de divulgação com baixo custo, pois conta-se com a “colaboração” provocada pela adesão dos interlocutores, alcançada, neste caso, por uma empatia baseada no humor, que faz com que o vídeo circule como partilha de algo divertido. Possivelmente, transforma-se, assim, a imagem negativa habitualmente atribuída aos bancos.

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Vitória Ferreira Doretto

S.: Questões de autoria no objeto editorial criado por J.J. Abrams e Doug Dorst

Com base no quadro teórico da análise do discurso de tradição francesa, em específico nos desdobramentos propostos por Dominique Maingueneau (2006) para o estudo do funcionamento discursivo de materiais literários, isto é, para estudo do literário como um regime de criação e produção, e o conceito de partilha do sensível, nos termos de Jacques Rancière (2009), nos propusemos analisar as relações entre materialidade e constituição da autoria no livro S. de J.J. Abrams e Doug Dorst. Para tanto, mobilizamos os conceitos de mídium e paratopia criadora com vistas a estudar os textos disponibilizados na obra – tanto seu romance quanto a história que se desenvolve “paralelamente” na marginália do livro. Levando em conta as três instâncias apontadas por Maingueneau como constitutivas da paratopia criadora (pessoa, inscritor e escritor) e a releitura da função autor feita por Roger Chartier (2012), pretendemos investigar a problematização da autoria. Nos interessa também pensar os modos de leitura que são suscitados por S., que acaba por fazer o leitor levar a cabo as táticas e estratégias que Michel de Certeau propõe em A Invenção do Cotidiano (1998), uma vez que, por abrigar mais do que uma história, o leitor deve se envolver com o projeto textual e focar sua atenção nas informações escritas a mão, dispostas pelas margens e nas notas de rodapé, afinal toda clareza pode ser enganosa até mesmo em textos que parecem transparentes – e que, variavelmente, requerem que o leitor extraia sentidos que não estão visíveis – e, aqui, a ordem desses papéis soltos se altera, eles caem durante o manuseio, o leitor os recoloca em diferentes posições, reencontra-os, perde alguns de vista.

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Karen Naomi Aisawa

BTS Universe: um estudo do espaço associado em uma narrativa transmídia

Esta pesquisa tem como objetivo estudar as relações entre espaço canônico e espaço associado no objeto editorial BTS Universe (BU), uma narrativa fictícia seriada que figura sob a autoria do grupo de pop sul-coreano BTS juntamente com a empresa que o gerencia, a Big Hit Music. Em andamento desde 2015, o enredo se constitui por uma série de materiais de diferentes gêneros discursivos e espalhados em diferentes plataformas (sejam elas on-line ou não), caracterizando o que nós tomamos como uma narrativa transmídia (JENKINS, 2015), isto é, uma narrativa multiplataforma de caráter expandido, disperso, e que enseja engajamento de uma ampla comunidade produtora de conteúdos derivados que se incorporam à trama, complexificando-a. Tais objetos constitutivos da narrativa circulam em plataformas variadas, como o YouTube e o Twitter, por exemplo, e constituem fragmentos da história completa, que só pode ser vislumbrada em sua totalidade a partir de uma relação de coenunciação com o “leitor”, isto é, com o fandom ARMY, responsável pela efetiva coleta e (re)organização desses fragmentos, processo que é formalizado e levado a público por meio da produção de objetos editoriais derivados que assumem gêneros discursivos diversos e circulam em plataformas também diversas, como vídeos no YouTube, comentários em redes sociais, textos em blogs, etc. Além disso, o BU também incorpora em sua narrativa elementos e referências a obras que fogem à sua autoria, como a obra Demian, de Hermann Hesse, que inspirou a criação de uma das Eras da história. Considerando o cenário esboçado, procuramos entender com esta pesquisa como se dá a constituição do espaço canônico e do espaço associado desse objeto tão plural, que põe em questão a noção de obra, crucial a diversos campos do saber, dado que, como veremos ao longo da pesquisa, uma obra não é apenas o trabalho intelectual de um autor, mas é também a técnica, a materialidade inscricional e, principalmente, o reconhecimento por uma rede de aparelhos de um campo discursivo. Para além disso, outras questões de fundo norteiam a realização desta pesquisa, como a caracterização do BTS Universe como uma obra de literatura digital ou como entretenimento, ou a reflexão sobre a constituição de espaços associados diferentes para os fãs de diferentes idiomas, ou mesmo a observação da criação de espaços associados que, ao ganharem relevância, produzem outros espaços associados, entre outras. Assim, mobilizamos para este trabalho o quadro teórico-metodológico proposto por Maingueneau (2006, 2008b), aliado aos fundamentos da midiologia pensada por Debray (1991; 2000), para estudar dois materiais de autoria do grupo/empresa, três obras de autoria de terceiros, referenciadas menos ou mais diretamente na narrativa, e quatro teorias de autoria dos fãs, visando à análise de materiais de cada uma das autorias constitutivas desta narrativa transmídia.

TCC Karen Naomi Aisawa